Depois que os caras vazaram, conforme vimos no capítulo 7, Jesus resolveu ir para o monte das Oliveiras. De manhãzinha ele apareceu no Templo. E o povo foi se achegando. Jesus limpou uma beirada de canto e assentou para ensiná-los.
De repente os religiosos trouxeram-lhe uma mulher que foi surpreendida “pulando a cerca”. Colocaram a cidadã no meio da roda e, na intenção de provocar Jesus, disseram: “Mestre, esta mulher foi pega no ‘fraga’ com outro cara. E aí? A Lei diz que essa vagaba tem que ser morta a pedradas. E o senhor o que vai dizer?”.
Jesus continuou tranquilão, escrevendo algo na areia. Como os caras continuavam a torrar a paciência com este assunto, mandou essa: “Se algum de vocês está sem pecado, seja o primeiro a atirar a pedra”. Essa afirmação de Jesus bate com a ideia de que se um cara errou uma só recomendação da Lei, errou tudo. Inclinou-se novamente e voltou a desenhar alguma coisa no chão. Há quem diga que era a foto do Homer Simpson, o protótipo do Iphone ou a data em que o Tiririca deixaria a política.
Enquanto isso, os caras foram saindo de mansinho. Um a um. De repente só estava lá Jesus e a mulher.
Jesus levantou-se e estendeu a mão para a mulher. Ela já tava de pé em frente a ele, porém constrangida pela circunstância, deixou-se ser tocada com as costas das mãos dele, que enxugavam lágrimas que caiam em seu rosto. Jesus, olhando nos olhos vibrantes e assustados dela, falou amorosamente:
“Acho que ninguém te condenou, né filha?”.
“É”, disse ela ainda engasgada com o choro de medo.
“Eles queriam me acertar e para isso não pouparam alguém numa situação como a sua. Machucaram você filha?”.
“Só o meu braço que tá todo arranhado” – falou mostrando para Jesus os arranhões. “Dói mais é a vergonha. Tanta gente viu, tanta gente agora soube do meu erro. Não sei o que vou fazer da vida”.
Jesus acariciou a cabeça dela enquanto em lágrimas soluçava em seu peito. E, cantando um Salmo, aquietou a sua alma. Quando ela estava mais calma, olhou com compaixão em seus olhos e disse: “Vai em paz; não vai ser fácil recomeçar, mas você vai conseguir! E filha, não faça mais isso, o adultério é pecado”.
Jesus vendo que ainda havia uma galera por lá, tipo vendo tudo meio que na espreita, continuou a ensinar o povão dizendo: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”. Ouvindo isso, os religiosos disseram: “Tá vendo, ele tá dizendo a respeito de si mesmo. Tá querendo glória para si mesmo. Seu testemunho não vale!”.
“Ô povo chato”, disse Jesus olhando para o céu. “Vão caçar uma roça para capinar! Eu posso falar de mim mesmo, pois eu sei de onde vim e para onde vou. Vocês não me conhecem, bando de gente tapada! O único padrão que vocês têm de referência é esse padrão humano. Eu não julgo ninguém e mesmo que eu julgue, faço do jeito certo, porque tenho orientação do alto para isso. Se vocês se apegam tanto na Lei, então toma: ela diz que o testemunho de dois homens é válido. Eu testemunho e o meu pai também #prontofalei”.
“Truco ladrão!” – exclamaram os religiosos – “Onde está seu pai?” Jesus então respondeu: “Seis mi zoiudo! Vocês não conhecem nem a mim e nem ao meu pai. Se vocês fossem meus chegados, com certeza conheceriam ao meu pai”.
Jesus então vai saindo do local da coleta de oferta e vai avisando: “Vou embora e depois vão me procurar. Mas não vão me encontrar. Irão todos morrer em seus próprios pecados”. Os caras ficaram encafifados pensando se Jesus estava falando em se matar, pois achavam que Jesus ia cometer suicídio e logo iria para um lugar ruim, feito para gente ruim. E eles tinham a certeza que não iriam para lá, pois não eram gente ruim (aham, senta lá Cláudia).
Foi quando Jesus disse: “Olha só pessoal, numa boa, presta atenção na matemática. Acompanha o meu raciocínio: Eu sou do céu, vocês não. Vocês pertencem a este mundo, eu não. Eu disse que se vocês não cressem, então ‘créu’. Mas se arrependessem e crendo que EU SOU, então ‘céu!’”.
Os caras eram tão tapados pela teologia exclusivista deles que não perceberam que Jesus estava falando do pai. Daí ele falou: “Quando eu morrer vocês saberão que EU SOU. E que a minha agenda quem controla é o pai. Não falo nada se Eee não tiver dito primeiro. Estou com ele. E ele está comigo”.
Rapaz, você não vai acreditar! Depois dessa saraivada de palavras duras não é que converteu uma galera? Jesus os advertiu que deveriam permanecer firmes na palavra dele, pois assim ficaria claro que eles eram discípulos do mestre e que “conheceriam a verdade e a verdade os libertaria”.
Pois então, não durou muito a fé destes camaradas. Começaram a questionar Jesus a respeito da tal liberdade. Porque os cabeçudos achavam que a liberdade era a respeito de escravidão, e não a liberdade espiritual.
“Vocês são escravos do pecado. Vivem pecando, então são sim escravos” – disse Jesus a eles. E continuou: “Filho é filho, empregado é empregado. O filho vai ser filho para sempre, já o empregado você sabe como é. Não tem garantias. E eu sei que vocês se acham filhos de Abraão. Mas querem me matar porque o que eu falo não entra na cabeça dura de vocês. O que eu estou falando eu vi e ouvi diretamente do meu pai”.
Jesus disse para os caras que, se eles fossem filhos legítimos de Abraão, não tentariam matá-lo. O que fez com que eles pulassem alto: “Nós não somos filhos ilegítimos!”. Isso era uma ofensa, pois Ismael (pai de todo árabe) é o meio irmão de Isaque (pai de todo judeu). Responderam ainda: “O único pai que temos é Deus!”.
“Ah tá” – respondeu Jesus. “Se de fato Deus fosse pai de vocês, vocês me amariam. Simples! Eu vim do pai, fui enviado por ele e vocês querem me matar”. E ainda continuou: “Que foi? Tô falando mandarim? Não tão entendendo por que? Querem que eu desenhe? Gente cabeçuda!”.
E falando mais alto afirmou: “Vocês são unha e carne com o pai de vocês, o chifrudo; e tão se coçando todos para fazerem a vontade dele. Ele é um assassino, um X9 desgraçado. Um mentiroso. No entanto creem mais nele do que em mim”.
Mais bravo ainda, Jesus aumentou o tom de voz. E disse olhando na cara de cada mala religioso: “Então tá, eu desafio a qualquer um aqui a apontar um pecado que eu tenha cometido. Vamos seus bundas-moles! Apontem um pecado! Seus infelizes! Ora, se estou falando a verdade por que não creem? Se de fato Deus fosse o pai de vocês, ouviriam o que eu digo!”.
Os religiosos então responderam no mesmo tom: “Não estamos certos em dizer que você é um vagabundo, um desqualificado e ainda por cima endemoninhado? Dando esse chilique todo aí só pode ser isso!”.
Ah, mais aí Jesus bateu forte: “Não estou com demônio! Seus endemoninhados! Eu honro ao meu pai! Vocês é que estão brincando com coisa séria! Deus é que é glorificado em mim, não eu em mim mesmo! Quem crê em mim e mantém os meus ensinos para a vida, este sim tem a vida eterna”.
Dando uma gaitada de deboche eles responderam: “Rapaz, você é um endemoninhado mesmo! Abraão morreu, como todos os profetas; e você diz aqui na frente de todo mundo que se alguém mantiver os seus ensinamentos não vai morrer? Por acaso você é maior que nosso pai Abraão? Quem você pensa que é? Seu nazareno duma figa!”.
Jesus, sem perder o jeito, manteve o tom forte e desafiador: “Se eu fosse mentiroso como vocês eu até poderia sair daqui calado, mas Deus é meu pai e isso é verdade, mas vocês não acreditam. Então que se danem! Abraão, pai de vocês, quando soube a meu respeito ficou feliz pra caramba”.
“MENTIROSO!”, gritavam os religiosos. “Você nem tem 50 anos e diz ter visto Abraão! MENTIROSO!”. Jesus respondeu: “Antes de Abraão nascer, EU SOU”.
Então o negócio ferveu. Pegaram pedras para apedrejar Jesus, entretanto ele foi mais rápido e saiu do templo.