Então, continuando a parada sobre a história de Jesus, houve uma situação que incomodou muito ele. É que soube que a rádio-peão estava noticiando que ele batizava mais do que os discípulos de João, apesar dele mesmo não ter batizado ninguém. Como Jesus não queria confusão, saiu da Judeia e voltou de novo para Galileia.
Estava nos planos de Jesus passar por Samaria. Por volta do meio dia, Jesus sentou na beirada de um poço, que antigamente era de José, herança de seu pai (Jacó). Como ele estava cansado da viagem, relaxou um pouco. E daí um instante chegou uma mulher samaritana para tirar água. Jesus pediu para mulher: “Me dá um pouco d’água?”. Ele estava sozinho. Os discípulos de Jesus tinham ido à loja de conveniência do posto Ipiranga mais perto pra comprar comida. A mulher ficou assustada, afinal ela era samaritana (e mulher). Jesus era homem e judeu. Essa conversa era muito complicada de acontecer. É tipo a Mancha Verde e a Gaviões da Fiel andando de ônibus juntas. Impossível de crer. Por isso a ficou tão espantada.
Jesus disse para ela: “É muito difícil de crer, eu sei, mas se você conhecesse o presente de Deus e quem é que tá te pedindo água, era você que pediria e ele teria te dado água viva”. Ela fazendo cara de quem não estava acreditando respondeu: “O senhor tá forçando a barra né? O senhor não tá dizendo que é maior do que no nosso pai Jacó que fez este poço que ele usou, tá?”. Jesus olhando nos olhos dela, pegou o balde que ela tava segurando e apontando para água que estava lá dentro, disse: “Veja só. Se beber desta água você vai ter sede de novo, porque é por isso que você volta aqui todo dia”. “Ué” – respondeu a mulher – “Se o Senhor garantir que esta água não vai dar mais sede, aí é bom né, vai sobrar mais tempo para assistir Netflix. Se é boa assim, então eu quero. Porque andar até aqui todo dia nesse solão, é dose viu!”.
O mestre deu um sorriso, achando graça da conclusão dela. Aproximando-se, com um gesto de carinho e respeito, levantou o rosto dela e viu que era um semblante de mulher sofrida. Então falou com uma voz branda, na medida de quem sabe a quantidade de dor que aqueles olhos carregavam. E fez uma pergunta certeira: “Onde está o seu marido? Afinal você está fazendo este serviço só, numa hora dessas do dia”. Constrangida com a pergunta, mas percebendo que ela não estava carregada de acusação como já havia ouvido centenas de vezes, tomou coragem e respondeu sem medo de ser julgada: “Não tenho marido”. “Que bom que você não mentiu” – falou Jesus assentindo com a cabeça, num sinal de que já sabia a resposta. E completou: “Eu sei que você não é casada. E este que você está não é o seu marido, mas é só um crush. Que bom que você disse a verdade”.
“Poxa, vejo que o senhor é profeta”, disse a mulher enxugando dos olhos as lágrimas, não de vergonha ou medo, mas de alívio por ter podido falar sem ser julgada ou exposta. E continuou a falar: “Tenho uma dúvida. Aprendi desde menininha que o local de adoração é nesta igreja, mas os judeus sempre dizem que adorar ao Deus verdadeiro só na igreja deles”.
“Não é nem lá e nem cá. É onde você está. Porque meu pai decidiu ir ao encontro do adorador. Diferente do que foi dito até agora, não é você que vai procurar o pai, é o pai que está te procurando. Não é você que vai visitá-lo numa igreja, é ele que vem na sua casa. O lance todo está na disposição do coração e na sinceridade da mente.” E enquanto repetia esta afirmação, desenhou um caminho no ar que saia do céu e percorria a cabeça e descia até ao coração.
A mulher samaritana, olhando para os olhos de Jesus disse: “Eu sei que o Ungido de Deus está para vir, eu pressinto isso. Há sinais a respeito disso e quando ele chegar estas tretas que o senhor tá ensinando vão ser explicadas!”. Daí Jesus segura na mão dela fortemente e diz: “Filha, eu sou o Ungido”. Neste exato momento os discípulos chegam com umas batatas, Whopper Furioso do Burger King, refri, água e vinho. Ao darem conta do que estava acontecendo, ficaram espantados, pois Jesus estava conversando com uma mulher samaritana. Mas como todo mundo era tanga frouxa, acharam melhor ficarem calados.
A mulher então deixou o balde lá no poço e voltou para a currutela onde morava. E disse para as pessoas: “Conheci alguém que sabe quem eu sou, o que fiz e mesmo e assim não me destratou, nem me agrediu. Vocês não tem ideia o tanto que é bão ser tratada como gente! Só o Ungido poderia ser assim, não é mesmo?”. Os caras ficaram impressionados com aquela notícia e foram ver isso com os próprios olhos.
Jesus estava com aquele olhar contemplativo, olhando para o vazio. Os discípulos chegaram perto e ofereceram-lhe fritas, mas ele, sem voltar os olhos, recusou. Com os olhos ainda no vazio bateu a real: “Caras, vocês não sabem como é tensa a situação. Não dá tempo para fazer muito, nem de comer. É tão importante, tá ligado? Até comer fica para depois!”.
Virando para os discípulos, olhando-os nos olhos disse: “Não há mais tempo. Você olha pro pastel fritando e, quando ele tá quase dourando na gordura, você diz, ‘tá quase pronto’. Vocês não tem ideia! Já tem pastel queimando de velho. Já tá na hora de tirar o pastel da fritura”. Mantendo o olhar firme nos olhos de cada um deles, continuou: “Sabem por que? Porque antes de vocês passou alguém pondo o pastel para fritar. Você vai comer pastel que não preparou e vai ficar feliz. Digo para vocês irmãos, que a alegria de quem fez o pastel e não comeu é a mesma a alegria de quem comeu. Isto é o reino de Deus”.
O final desta parada é o seguinte: muitos samaritanos creram no Ungido porque ele profetizou acerca da mulher que eles conheciam. Como os caras eram legais, Jesus passou dois dias na vila. E daí muitos também começaram a crer nele. Os caras que antes malhavam a pobre coitada da mulher ficaram gratos, porque ela não agiu de forma egoísta como muito irmão por aí que, depois que conhece Jesus, excomunga da comunhão o cunhado cachaceiro.
Passou mais um tempo e Jesus partiu para a Galileia. Ele sabia que não é fácil convencer as pessoas mais chegadas, afinal o profeta não tem honra na sua própria terra. Tipo o Ronaldo Fenômeno, que fez teste no Flamengo e não foi aprovado. Jesus foi bem recebido lá na Galileia porque os caras viram o que ele tinha feito em Jerusalém. Afinal, bobo é o ovo que não fica em pé sozinho. Chegando em Caná, no local da festa de casamento (sim Jesus foi a uma festa de gente fora da igreja), ali morava um alto funcionário público. O filho deste cara tava doente (DENGUE MATA! Momento utilidade pública) lá na cidade de Cafarnaum. Sabendo que Jesus já estava na cidade, não demorou e foi procurá-lo. E suplicou a Jesus que fosse curar o seu filho, afinal o moleque tava muito mal. Jesus olhando para baixo, num sinal de desaprovação, disse balançando a cabeça (e era nítida as sobrancelhas levantadas numa cara de não tão bons amigos): “Tem base um negócio desses? Só vão acreditar em mim se virem os milagres.” O alto funcionário público, que não tinha nada com a paçoca, num gesto de desespero repetiu o pedido: “ Senhor, venha! Senão não vai dar tempo!”. Jesus respondeu “Pode ir que seu filho tá curado”. O cara creu e voltou para casa. E confirmou que foi exatamente na hora em que Jesus disse que o filho dele estava curado que o moleque sarou! E todo mundo da casa do funcionário público se converteu. Esse foi o segundo milagre de Jesus, não perca a conta!